SEM APOIO SOCIAL?
Como poderia a Igreja recuperar o seu prestígio social e exercer novamente a influência que tinha na nossa sociedade há apenas alguns anos? Sem o confessar talvez, em voz alta, são muitos os que anseiam por aqueles tempos em que a Igreja pudesse anunciar a sua mensagem a partir de plataformas privilegiadas que contavam com o apoio do poder político.
Não deveríamos lutar para recuperar novamente esse poder perdido que nos permite fazer uma «propaganda» religiosa e moral eficaz, capaz de superar outras ideologias e correntes de opinião que se vão impondo entre nós?
Não deveríamos desenvolver estruturas religiosas mais poderosas, fortalecer as nossas organizações e tornar a Igreja uma «empresa mais competitiva e lucrativa»?
Sem dúvida, no fundo desta preocupação há uma vontade sincera de levar o Evangelho aos homens e mulheres do nosso tempo, mas será esse o caminho a seguir? As palavras de Jesus, ao enviar os seus discípulos sem pão nem saco, sem dinheiro nem túnica extra, insistem antes em «caminhar» pobremente, com liberdade, leveza e total disponibilidade.
O importante não é um equipamento que nos dê segurança, mas a própria força do evangelho vivido com sinceridade, pois o evangelho penetra na sociedade não tanto através de meios eficazes de propaganda, mas através de testemunhas que vivem fielmente o seguimento de Jesus Cristo.
São necessárias na Igreja, a organização e as estruturas, mas apenas para sustentar a vida evangélica dos crentes. Uma Igreja carregada de bagagem excessiva corre o risco de se tornar sedentária e conservadora. No longo prazo, estará mais preocupada em prover para si mesma do que caminhar livremente ao serviço do reino de Deus.
Uma Igreja mais desprotegida, mais desprovida de privilégios e mais empobrecida em poder sociopolítico, será uma Igreja mais livre, capaz de oferecer o evangelho na sua verdade mais autêntica.
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Perez