A MELHOR METÁFORA DE DEUS
A parábola mais conhecida de Jesus, e talvez a mais repetida, é a chamada «parábola do bom pai». O sentiriam os que ouviram pela primeira vez esta parábola inesquecível sobre a bondade de um pai preocupado apenas com a felicidade de seus filhos?
Sem dúvida, desde o início, eles ficaram perplexos. Que tipo de pai era este que não impunha a sua autoridade? Como podia consentir na falta de vergonha de um filho que lhe pediu para distribuir a herança antes de morrer? Como podia dividir sua propriedade, colocando em risco o futuro da família?
Jesus os desconcertou ainda mais quando começou a falar das boas-vindas do pai ao filho que voltava para casa faminto e humilhado. Ainda longe, o pai correu ao seu encontro, abraçou-o com ternura, beijou-o efusivamente, interrompeu a sua confissão e apressou-se a recebê-lo como filho amado em sua casa. Os ouvintes não podiam acreditar. Aquele pai havia perdido a dignidade. Ele não agia como patrono e patriarca de uma família. Seus maneirismos eram os de uma mãe tentando proteger e defender seu filho da vergonha e da desonra.
Mais tarde, saiu também ao encontro do filho mais velho. Ela ouviu pacientemente suas acusações, falou-lhe com especial ternura e o convidou para a festa. Só queria ver seus filhos sentados na mesma mesa, compartilhando um banquete festivo.
O que estava Jesus sugerindo? É possível que Deus seja assim? Como um pai que não guarda sua herança para si, que não é obcecado pela moralidade de seus filhos e que, quebrando as regras do que é correto, busca uma vida feliz para eles? Será esta a melhor metáfora de Deus: um pai acolhendo de braços abertos os «perdidos» e suplicando aos que lhe são fiéis que acolham a todos com amor?
Os teólogos elaboraram discursos profundos sobre Deus durante vinte séculos, mas não é esta metáfora de Jesus ainda hoje a melhor expressão do seu mistério?
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Perez