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5 Quaresma – B (João 12,20-33)

Evangelio del 21 / Mar / 2021
Publicado el 15/ Mar/ 2021
por Coordinador - Mario González Jurado
evangelio, Pagola

UMA LEI PARADOXAL

Poucas frases encontramos no Evangelho tão desafiantes como estas palavras que reúnem uma convicção muito de Jesus: «Garanto-vos que se o grão de trigo não cai em terra e morre, fica infecundo; mas se morre, dá muito fruto».

A ideia de Jesus é clara. Com a vida acontece o mesmo que com o grão de trigo, que tem de morrer para libertar toda a sua energia e produzir um dia fruto. Se «não morre», fica em cima do terreno. Pelo contrário, se «morrer» volta a levantar-se trazendo consigo novos grãos e nova vida.

Com esta linguagem tão gráfica e cheia de força, Jesus deixa antever que a Sua morte, longe de ser um fracasso, será precisamente o que dará fecundidade à Sua vida. Mas, ao mesmo tempo, convida os seus seguidores a viverem de acordo com esta mesma lei paradoxal: para dar vida é necessário «morrer».

Não se pode gerar vida sem dar a própria. Não é possível ajuda a viver se não estivermos dispostos a «desviver-nos» pelos outros. Ninguém contribui para um mundo mais justo e humano vivendo apegado ao seu próprio bem-estar. Ninguém trabalha sériamente pelo reino de Deus e a Sua justiça se não está disposto a assumir os riscos e rejeições, a conflictualidade e perseguição que Jesus sofreu.

Passamos a vida a tentar evitar sofrimentos e problemas. A cultura do bem-estar obriga-nos a organizar-nos da forma mais cómoda e agradável possível. É o ideal supremo. No entanto, há sofrimentos e renúncias que é necessário assumir se queremos que a nossa vida seja fecunda e criativa. O hedonismo não é uma força mobilizadora; a obsessão com o próprio bem-estar empequenece as pessoas.

Estamos a habituar-nos a viver fechando os olhos ao sofrimento dos demais. Parece o mais inteligente e sensato para ser felizes. É um erro. Seguramente conseguiremos evitar alguns problemas e dissabores, mas o nosso bem-estar será cada vez mais vazio e estéril, a nossa religião cada vez mais triste e egoísta. Entretanto, os oprimidos e afligidos querem saber se alguém se importa com a sua dor.

José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Perez

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