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Domingo 10 Tempo ordinário – B (Marcos 3,20-35)

Evangelio del 10 / Jun / 2018
Publicado el 04/ Jun/ 2018
por Coordinador - Mario González Jurado

O QUE É MAIS SÃO?

A cultura moderna exalta o valor da saúde física e mental, e dedica todo um conjunto de esforços para prevenir e combater as doenças. Mas, ao mesmo tempo, estamos a construir entre todos uma sociedade onde não é fácil viver de forma sã.

Nunca esteve a vida tão ameaçada pelo desequilíbrio ecológico, a contaminação, o stress ou a depressão. Por outra parte, temos vindo a fomentar um estilo de vida onde a falta de sentido, a carência de valores, um certo tipo de consumismo, a trivialização do sexo, a falta de comunicação e tantas outras frustrações impedem as pessoas de crescer de forma sã.

Já S. Freud, na sua obra O mal-estar na cultura, considerou a possibilidade de que uma sociedade esteja doente no seu conjunto e possa padecer de neuroses colectivas das que tal vez poucos indivíduos sejam conscientes. Pode inclusive suceder que dentro de uma sociedade doente se considere precisamente doentes aqueles que estão mais sãos.

Algo disto sucede com Jesus, de quem os Seus familiares pensam que «não está no seu juízo», enquanto os letrados vindos de Jerusalém consideram que «tem dentro Belzebu».

Em qualquer caso, temos de afirmar que uma sociedade é sã na medida em que favorece o desenvolvimento são das pessoas. Quando, pelo contrário, as conduz ao seu esvaziamento interior, a fragmentação, à dissolução como seres humanos, temos de dizer que essa sociedade é, pelo menos em parte, patogénica.

Por isso temos de ser o suficientemente lúcidos como para nos preguntarmos se não estamos a cair em neuroses colectivas e condutas pouco sãs sem ser conscientes disso.

Que é mais são, deixar-nos arrastar por uma vida de conforto, comodidade e excesso que provoca letargia no espírito e diminui a criatividade das pessoas ou viver de modo sóbrio e moderado, sem cair na «patologia da abundância»?

Que é mais são, continuar a funcionar como «objetos» que giram pela vida sem sentido, reduzindo-a a um «sistema de desejos e satisfações», ou construir a existência dia a dia dando-lhe um sentido último a partir da fé? Não esqueçamos que Carl G. Jung se atreveu a considerar a neurose como «o sofrimento da alma que não encontrou o seu sentido».

Que é mais são, encher a vida de coisas, produtos de moda, vestidos, bebidas, revistas e televisão ou cuidar das necessidades mais profundas e cativantes do ser humano na relação do casal, no lar e na convivência social?

Que é mais são, reprimir a dimensão religiosa esvaziando de transcendência a nossa vida ou viver a partir de uma atitude de confiança nesse Deus «amigo da vida» que só quer e procura a plenitude do ser humano?

José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Perez

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